‘Perninha’: aprendizado e superação no parajiu-jitsu

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Reprodução Instagram

O jiu-jitsu ou parajiu-jitsu é uma técnica de luta que utiliza torções, alavancas e pressões para dominar o oponente. No Brasil, a família Gracie desenvolveu o próprio estilo para permitir ao lutador considerado mais fraco derrotar o mais forte. A filosofia do esporte tem papel fundamental na vida de José Carlos dos Santos Alves, 35 anos, conhecido como Perninha.

Ele amputou a perna esquerda abaixo da coxa aos 11 anos, depois de ser atropelado enquanto atravessava a rua. “O destino escolheu tanto eu quanto a pessoa que me atropelou para passar por alguma provação em vida. O rapaz que me atropelou estava indo para o enterro do irmão dele, que tinha batido a moto na noite anterior.”

Perninha faz questão de frisar que gosta do apelido. “É importante que as pessoas entendam que eu tenho uma deficiência, mas não é isso que me move. O que me move é a capacidade de evoluir, ter a resiliência viva no meu corpo e no dia a dia.”

A reabilitação e as lutas

Com a primeira prótese, que veio um ano depois da amputação, Perninha começou a praticar capoeira, modalidade em que se tornou professor. O contato inicial com o Jiu-jitsu aconteceu aos 13 anos, por meio de um projeto social.

“A arte suave chamou minha atenção quando existia o Pride [evento de MMA que esteve entre os mais importantes do mundo]. Eu tinha a intenção de lutar vale-tudo porque estava bombando. Todo mundo fazendo vários estilos de luta, mas eu só sabia a capoeira. Foi por isso que entrei no jiu-jitsu.”

Com o fim do projeto, Perninha voltou a se dedicar somente à capoeira. Ele se casou, fez faculdade de marketing e teve três filhos.  O retorno ao parajiu-jitsu aconteceu há quatro anos, com o propósito de retomar a forma física.

O caminho para a vitória no parajiu-jitsu

O bom desempenho fez com que Perninha ultrapassasse fronteiras. O paratleta já participou de várias competições nacionais e internacionais. Recentemente, ele conquistou o segundo lugar no Campeonato Mundial disputado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

“Foi uma baita experiência, algo que vivi com muito louvor. O bacana é saber que você cruzou um oceano para provar o quanto o esporte pode fazer uma pessoa evoluir. Então foi uma das sensações mais gratificantes da minha vida. Já estou me preparando para o próximo, para tentar ser campeão mundial.”

Benefícios do esporte adaptado

Perninha também se dedica à conscientização e formação de novos paratletas. “O esporte adaptado transforma vidas. Ele tem o papel de ressocializar pessoas. Eu costumo dizer que as pessoas estão na penumbra e o esporte vem para transformar a vida e renová-la.”

Ele explica que o jiu-jitsu tem regras simples. “É o esporte que mais agrega pessoas com deficiência. São 22 classes funcionais, desde o nanismo até as deficiências intelectuais. Sendo assim, para entrar na academia, basta ter um quimono.”

Em julho desse ano, a Federação Brasileira de Jiu-Jitsu Paradesportivo realizou em Florianópolis o primeiro Campeonato Brasileiro da modalidade. A competição reuniu 121 atletas de 18 categorias funcionais. A próxima edição já está confirmada para o ano que vem.

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