Mário Sérgio: dirigi carro com os pés. Perdeu os braços num acidente de trabalho

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Conheça a história de Mário Sérgio que dirigi carro com os pés

Demorou 5 anos para conseguir sua carteira de habilitação e faz parte do Projeto Cidadania sobre Rodas, do Detran do Rio de Janeiro. Perdeu os dois braços num acidente de trabalho.

Em 1981 tornou-se  eletricista em baixa e alta tensão e conseguiu emprego na Light. Por muitos anos atuou na expansão de vários projetos da Light. Em 1995 foi trabalhar no setor de emergência da empresa.
No dia 19 de dezembro de 1995 algo aconteceria com Mário Sérgio. Era 16:30 e estava com 34 anos de idade. Nesse dia, uma empreiteira estava fazendo um serviço e precisava da energia elétrica desligada. Era uma linha livre de 6 kw (6.000 volts). O trecho dessa linha continha um cabo, uma linha com baixa tensão e outro cabo, uma outra linha com alta tensão de 25.000 volts. Elas estavam com 20 cm de distância uma da outra. (espaço incorreto).

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O cabo esbarrou no fio da alta tensão que estava ligado. Mário Sérgio já havia concluído o serviço e estava descendo. Quando um fio tocou o outro sofreu a descarga elétrica e caiu na calçada, pegando fogo. Ao ser socorrido foi encaminhado para o Hospital Escola de Vassouras-RJ. Depois foi transferido para hospital Andaraí no Rio de Janeiro, para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ). Lá permaneceu em tratamento por semanas e seus braços foram totalmente queimados. A carreira de eletricista foi totalmente interrompida.
Os médicos chegaram à conclusão de que precisariam amputar os braços e então procuraram a mãe de 87 anos, a esposa e a irmã mais velha. Elas disseram que não iriam assinar nada sem que o próprio Sérgio autorizasse.

A mãe disse que não ia autorizar a amputação

Mário Sérgio nos disse: “A pergunta foi bem objetiva sem sombra de dúvidas as duas opções foram colocadas diante de mim. Sabe qual das opções eu escolhi? A minha resposta para eles foi essa: eu quero viver. Sobre a questão da amputação dos meus braços vocês podem amputar. Porque a vida ela não tem volta e enquanto eu tiver vida existe a esperança. Os médicos ficaram atônitos e abismados com a minha resposta e imediatamente me levaram para o centro cirúrgico. Passei por três cirurgias para amputação dos meus braços. Na primeira cirurgia eles cortaram o pedaço de um braço e o pedaço do outro, mas existia uma gangrena que não deixava o meu corpo. Meu corpo estava fervilhando, perdi os glóbulos vermelhos e os glóbulos brancos. Bebi 25 litros de água para me manter vivo. A segunda cirurgia foi mais um pedaço de um braço e mais um pedaço do outro e quando chegou na terceira cirurgia foi desarticulado os braços na altura dos ombros. Aqueles médicos tentavam deixar um coto, mas o apodrecimento do tecido atingiu todo o meu corpo e eles precisavam eliminar o mais rápido possível. Também foi tirado do meu pé direito o quinto dedo pododáctilo. Então estava ali um homem e todos diziam que não ia andar mais.

Eles falavam que ficaria numa cadeira de rodas

Eu sempre escutei isso dentro daqui do hospital. Eu fiquei três meses sentado numa cadeira de roda. Mas, chegou uma hora que eu tinha que tirar o traseiro de cima daquela cadeira. Através de muita força de vontade de sair daquele hospital, acompanhado por psicólogos eles ficavam assustados com a minha recuperação. Começou uma grande festa quando eu comecei a andar novamente instruído por um rapaz com duas muletas. Ele me ensinou a caminhar subindo e descendo escadas. Eu era como uma criança tinha medo até mesmo de cair. Eu entendia que havia chegado o tempo de eu levantar o meu acampamento e entrar em um novo mundo. Nesse novo mundo eu seria rejeitado pelas pessoas nas ruas, nas lojas, no supermercado. Eu ia encontrar obstáculos e dificuldades até mesmo no ônibus, no trem, enfim em todos os lugares. Mas o tempo foi passando e nós fomos nos adaptando. Haviam pessoas que não queriam nem me ver, mas tinham aqueles que diziam que foi muito bom te ver.

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Era hora de superar o medo

Era hora de tirar novos documentos e fui tirar uma nova Carteira de Identidade. Eu treinei umas 120 vezes para conseguir fazer uma rubrica com o pé. Num certo dia, um vizinho falou comigo sobre uma menina que dirigi com os pés e que mora em São Paulo. Esse desejo foi entrando em meu coração. Até que fui chamado por um amigo da 23ª Ciretran para conhecer uma auto-escola pública do Detran do Rio de Janeiro. O Projeto Cidadania sobre Rodas. Eu nunca tinha tirado carteira de habilitação antes do acidente.

Lutei por minha carteira de habilitação

Fui até o RJ e lá o perito do Detran disse que não havia esse carro especial para ele e que precisavam comprar um carro. Esse processo levou 5 anos e eu consegui tirar minha carteira de habilitação. Atualmente faço parte dessa escola pública do Detran do Rio de Janeiro ajudando aqueles que desejam tirar sua carteira de motorista como eu. É só nos procurar.
Sou um homem dinâmico e cheio de vida. Para concluir eu também sou instrutor em instalações elétricas residenciais e relógios da Light.
Muito obrigado a todos que estão lendo essa matéria e nunca desistam de seus sonhos”

O Projeto Cidadania sobre Rodas foi criado em 2008. É um dos programas mais antigos do Brasil para ensinar pessoas com deficiência a dirigir e tirar a CNH – Carteira Nacional de Habilitação, de forma gratuita. Atende pessoas da capital fluminense e do interior, com turmas de 45 pessoas e essa turma é oferecida a cada 3 meses.

Dirigindo com os pés já foi para Curitiba e Guarujá com sua esposa.

Essa história de Mário Sérgio nos mostra que precisamos estar atentos em tudo que vamos fazer, seja no trabalho ou fora dele. Seguir as normas de segurança, usar os EPIs, olhar tudo com atenção, estar descansado são alguns dos itens muito importantes.
Além da questão da segurança do trabalho, Mário Sérgio também nos mostra que a vida vale muito. Ele lutou para ficar vivo, lutou para aprender a viver sem os dois braços, lutou para vencer o preconceito e conseguiu. Esperou por 5 anos por sua carteira de habilitação e nos deixa claro que os sonhos precisam ser alcançados.
Quais são seus sonhos? O que você precisa para sua vida? Veja o exemplo de Mário Sérgio e encontre motivos para viver.

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