Atropelamento por caminhão e amputação
Meu nome é Lidiane Cavalcante, tenho 33 anos moro em Sobral-Ceará, tenho 2 filhos, sou divorciada, trabalho como atendente e aos fins de semana sou cantora de barzinho.
Estou aqui pra compartilhar com vocês momentos que vivi na minha vida que foi uma grande superação para mim e para muitos que me cercam. Acredito que para vocês também que irão conhecer minha história de vida. Vou começar pelo dia do acidente:
No dia 13 de Março de 2013, por volta das 15:00 horas, cheguei em Sobral na residência de minha mãe e pedi a moto de meu pai emprestada, a fim de resolver umas pendências. Parei num cruzamento no centro da cidade e fiquei aguardando os carros da avenida passarem. De repente parou do meu lado esquerdo um grande furgão que tampou toda minha visão.
O acidente
Eu não poderia nem sair do lugar. Quando esse carro chegou eu já estava parada e fiquei esperando para ver em qual direção ele iria. Foi então que o caminhão cruzou na minha frente e a parte traseira bateu no guidão da minha moto. Gritei, buzinei, pedindo pra ele parar.
Quando tentei pular foi tarde demais porque tudo foi muito rápido. As quatro rodas passou por cima de meu pé. Eu continuei buzinando ali mesmo no chão. Sabe o que ele fez? Deu ré e passou por cima novamente de mim. Fiquei presa à moto por volta de 30 minutos.
Esmagou tudo. Minha gente, coisa de Deus mesmo, no momento que estava ali ouvi os ossos se quebrando, mas não senti uma dor sequer. Eu simplesmente peguei o celular no bolso e liguei pra minha filha e falei:
“MINHA FILHA ACABEI DE SOFRER UM ACIDENTE E ESTOU DEBAIXO DE UM CAMINHÃO. ACHO QUE MINHA PERNA NÃO PRESTA MAIS. BUSQUE UM SOCORRO PORQUE ISSO NÃO ME IMPORTA, EU QUERO É VIVER”.
E quando olhei ao redor todo mundo me olhando e sem ação. Então me lembrei de uma amiga que trabalha no SAMU, procurei na agenda o número dela e disquei com o intuito de conseguir socorro mais rápido.
O interessante é que ninguém acreditava, porque eu estava tranquila. Pessoas no local falavam que eu ia morrer. E eu dizia: “Eu não vou morrer. Eu vou viver para criar meus dois filhos. Eles precisam muito de mim”. Eu tinha certeza que meus filhos estavam desesperados, mas eles sabem a mãe que tem. Não desisto fácil.
No hospital
No hospital ao descer do SAMU me deparei com minhas cunhada e amigas, chorando, claro. Eu dizia: “Meu povo, para que isso? Estou viva. Se for pra chorar pode ir embora”.
Fui atendida rápido, graças a Deus. Sou muito conhecida cantora do SOM DA TERRA. É um grupo de seresta daqui e o proprietário é meu pai. Quando fui pra sala de RAIO X vi minha filha chorando e comecei a brincar com ela: “Mulher o que você tem? Oh besteira. Você não quer ter uma mãe saci?”. Ela disse: “Oh mãe, para com isso”. E começou a rir.
Fui pro centro cirúrgico e estava lá médico. Um cirurgião plástico que me falou “Então vamos. Olha eu analisei seu pé., mas não tem jeito. Se você quiser eu posso tentar emendar aqui alguma coisa e te encaminhar para Fortaleza. Mas, você vai correr um grande risco de infeccionar e você perder sua perna toda”. Aí eu falei: “Pois não tem o que pensar. Se é de eu perder a perna toda tire logo se não tem mais jeito, pode amputar”.
No dia seguinte fui para o quarto e sempre brincalhona apelidei minha perna de boneca. Meu pai brigando para eu parar com isso. Eu falava: “Olha a toquinha dela (que era o curativo)”. Eu brinquei tanto que a toca caiu e quase ficou louco porque estava só cortado. Estava aberto ainda. Eu balançava na cadeira e ria.
Meu jeito era surpreendente naquela situação, mas sou assim mesmo, adoro dançar e sou a alegria em pessoa, detesto tristeza. Como eu sou bastante conhecida, o hospital estava em festa. Chegava músicos e eu perguntava cadê o teclado vamos fazer a festa aqui.
Tratamento
Mas Deus é muito maravilhoso. Durante a primeira semana não sabia o que era dor. Depois de uma semana fui fazer uma segunda cirurgia e foi retirado mais de 5 cm. Depois da segunda eu sentia muitas dores. Minha pressão baixou muito eu chorava de muita dor.
Muita gente rezando por mim e eu pedi para que ninguém me visse assim, afinal eu queria que as pessoas me vissem como sempre fui: extrovertida. Mas, as dores eram grande demais, não dava pra segurar, foi então que tive que passar por um neuro e tomei uns medicamentos fortíssimos para aliviar as dores na cabeça e na perna, ainda assim eu não conseguia nem abrir os olhos, porém tudo passou e fui pra casa.
Como falei no inicio, aquela minha amiga do SAMU ía todos os dias me ver e aplicar uma injeção para circulação sanguínea. Mas depois de 3 dias infeccionou e tive que ser acompanhada por um enfermeiro (o mesmo que fazia meus curativos no hospital).
Todos os dias ele ia fazer meu curativo e tinha que enfiar uma pinça e espremer para tirar a infecção. Era muito doloroso. Todos os dias por 30 dias foram assim, mas eu já estava tranquila porque sabia que logo estaria melhor. Tomei os remédios, fui a para revisão e estava tudo direitinho.
Atualmente
Hoje aguardo uma nova cirurgia ou uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek para fortalecer meu coto. Somente assim eu vou poder usar uma prótese definitiva para levar minha vida normalmente. Inscrevi-me há alguns meses e estou aguardando me chamarem.
Minha solicitação ainda esta em análise e espero que se vocês tiverem algum conhecimento possam me ajudar a continuar com essa garra. Apesar de tudo não desisto de buscar o meu melhor.
Meu face:
https://www.facebook.com/lidianecavalcante.amaro/photos_albums
Fiz uma música para contar tudo que aconteceu comigo após o acidente. Fala sobre a curva, afinal meu acidente foi em uma curva.
Escutem, é linda a música. A letra foi feita através de uma conversa com um amigo pelo facebook. Eu contei a minha história e falei a ele que queria contar em forma de canção. Quando terminei a conversa, a música estava pronta. Ele é um grande compositor, Willian e sua esposa Sulla Mara.
No vídeo canto junto ao meu irmão Leandro que é tecladista (o que está comigo no vídeo).
TUA FORÇA ME LEVANTA
Senhor, foi difícil
mais aqui contando estou
tanta coisa em mim mudou
mais tua luz e teu amor
fez a fé vencer a dor
Quando a vida desaguava em turbulências
eu senti tua presença
entendi que tua mão
nos da chão, nos traz perdão
Aprendi que o que me faz feliz
é estar viva e te servir
tua força me levanta
tua presença me abranda
e por isso estou aqui
Ainda que as curvas dessa vida
tirem pedaços de mim
nada abalara a minha fé
e cantarei até o fim
Agradeço , pelo o dom da vida
enquanto ha voz, ha oração
quando o corpo, fortalece a alma
existe ali, a tua unção
quando a vida traz um novo sol
é Deus nos os dando outra estação.
Entrevista para Programa Você Pode Já, Tv Interaja onde Lidiane Cavalcante contou sobre seu acidente e cantou sua música