Eu perdi a perna, meu mundo caiu. Eu só chorava e vomitava.

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Eu perdi a perna, meu mundo caiu. Eu só chorava e vomitava.

meu mundo caiu e desabou”. Isso aconteceu com Fabíola Ribeiro Jardim em 2019. Perder a perna não é algo que ninguém espera e no caso de Fabíola foi mais do que inesperado. Portanto, o que aconteceu naquela noite? Ouça o que Fabíola tem para nos contar.

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Tive uma noite muita divertida com amigas. Ri e dancei muito

“Eu perdi a perna numa esquina da vida. Era tarde da noite quando um amigo foi me buscar de moto. Estava perto da minha casa quando fomos passar num cruzamento onde o sinal já estava desligado. Um carro vinha no mesmo sentido à nossa direita. De repente, ele cruzou a nossa frente pra entrar na rua. Não houve chance para meu amigo frear. Todavia, quando caí, passei a mão na minha perna e senti que era grave. Eu não desmaiei. Fiquei o tempo inteiro consciente. Mas aquilo doía demais. Eu só gritava, rezava e respondia aos bombeiros.

No hospital ouvi o que não queria ouvir

Assim que acordei da cirurgia as primeiras pessoas que vi foram minha mãe e minha irmã, que passou a mão na minha cabeça e começou a falar de uma amiga que também tinha amputado a perna, que eu ia superar aquilo. Mas, eu não acreditei nela porque quando a gente tem um membro amputado, continua sentindo como se ele estivesse lá.

Eu não queria ouvir que eu perdi a perna

Só no dia seguinte a enfermeira veio me contar. Eu, no fundo, não queria ouvir, mas ela insistiu e me contou que eu tinha perdido a perna. Então, foi a única vez em que chorei muito porque estava sozinha e não era horário de visitas. Como o enfermeiro-chefe era meu amigo de infância, chamei por ele e foi o primeiro a me dar forças. Levou uns quatro dias para eu ter coragem de olhar para a perna que não estava mais lá. Soube que uma veia artéria tinha rompido e que se eu não amputasse, sangraria até morrer.E ali comecei a perceber que, apesar de ter perdido a perna, eu estava ganhando uma nova vida.

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Tinha que agradecer na UTI, pois eu falava e ainda tinha uma perna

Olhando para os lados naquela UTI, me dei conta que eu era a única ali em condições de falar e andar. Então só agradeci a Deus por essa oportunidade. Agora eu precisava seguir adiante e descobrir o que essa nova vida traria para mim. Num primeiro momento, foram muitas dores, como eu nunca senti. O dia todo, mesmo tomando morfina na veia. Mas fui grata por poder estar ali sentindo essa dor, que não parou mesmo depois de 20 dias no hospital.

Voltei para casa e enfrentei de novo mais uma amputação

Depois de uma semana em casa voltei a ser internada e passei por uma nova amputação, após descobrir infecções. As dores passaram e precisei olhar pra frente. Até aquele momento eu não sabia nada sobre a vida de um amputado. Coisas como: sobre prótese, sobre poder andar, correr, pular. Mas, sabe de uma coisa? Lamentar não ia trazer minha perna de volta. Decidi me abrir para esse novo mundo.Eu estava em um momento que voltei a estudar depois de 20 anos e queria irá atrás de uma nova carreira.

O acidente abortou esse sonho, mas colocou no lugar uma nova pessoa, muito mais madura. Que precisou reaprender a viver. A enxergar tudo com uma nova lente, inclusive a beleza física. Me dei um tempo para esse aprendizado e para me olhar no espelho. Aceitar ser essa nova Fabíola. Uma mulher que agora precisava de alguns novos acessórios para viver: uma cadeira de rodas; um andador; as muletas. Também instalei uma barra no meu banheiro. Claro que precisei cair muitas vezes e me levantar mais vezes ainda.

A prótese mudou mais ainda minha vida

Tinha um passo além que eu queria muito dar, que era ter uma prótese. Só que isso era totalmente fora da minha realidade. Mas, num dado momento apareceram anjos na minha vida, fazendo campanhas de arrecadação na internet e que me possibilitou dar entrada em uma prótese e eu ainda continuo na luta para terminar de pagar. Foi então que uma nova vida começou.

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A velha dor voltou a me desafiar. Precisava aprender a me equilibrar e a me mover com a prótese. Isso foi um enorme desafio. Como das outras vezes, eu não me rendi à dor. Aos poucos, voltei a fazer caminhadas, a me exercitar na academia. Então, a prótese despertou em mim a vontade de fazer coisas novas todos os dias. Nem que seja cozinhar uma comida diferente. Portanto, hoje dou mais valor a essa vida que não é curta, mas passa depressa demais.

Sonhar sempre o impossível: correr

Sou grata às tecnologias que me permitem sonhar. Se um dia parecia impossível que eu voltasse a andar ou contar com uma prótese, hoje eu sei que posso realizar outros sonhos. Sonhos como voltar a correr e voltar a dançar, tanto quanto foi na noite do meu acidente. Poder assim seguir irradiando a alegria que move a minha vida para frente. Que faz eu escolher, apesar de tudo, ser feliz. Fácil? Não é. Mas, não precisa ser fácil, só tem que valer a pena”

Fabíola parabénssss. Você é um exemplo de superação e de vida. Mostrou que a vida continua e que não devemos desistir.

Agora fiquem com o vídeo que Flávio Peralta preparou com muito carinho sobre Fabíola.

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