Cães com deficiência trazem felicidade a uma família
Se o número de animais que necessita de um lar é significativo e as chances de serem adotados diminuem conforme crescem, imaginem a situação daqueles que apresentam deficiências? Conheça a história de três cães deficientes, adotados por moradora de Cianorte.
Mas alguns deles, vítimas de abandono, depois de tanto sofrimento chegam ao nirvana terrestre, através de pessoas que entendem que um animal com deficiência é apenas um ser vivo que também tem direito à vida. Conheça as histórias de Átila, Mel e Matrix, todos cuidados por uma cianortense, a advogada Margareth Fecchio.
ÁTILA – O GUERREIRO QUE VEIO DA FLORESTA

Átila, teve a pata traseira direita amputada, mas pelo visto não faz diferença em sua vida! (Fotos: Aida Franco e arquivo pessoal)
Átila, tem 8 anos, é um vira-latas de porte médio e foi o primeiro cachorro com deficiência que a moradora de Cianorte (PR) Margareth Fecchio adotou. Ele nasceu nas matas do Parque Municipal do Cinturão Verde e quando começou a atravessar a rua, foi atropelado por um carro que passou por cima de sua pata direita traseira e fugiu sem prestar socorro. “Uma agente de combate à dengue viu tudo e veio me pedir ajuda para resgatá-lo e socorrê-lo. Andamos durante uma semana na mata tentando pegá-lo. Quando conseguimos, ele estava muito fraco, com a pata dilacerada e foi um milagre ele ter conseguido sobreviver depois da amputação de uma parte da pata. Meses depois tivemos que amputar o resto da pata a fim de facilitar sua locomoção. Ele ainda vive conosco”, conta Margareth, ao ressaltar que ele “está envelhecendo e perdendo a visão, mas é muito lindo”.
MEL – COM DIREITO A CADEIRINHA E BERÇO

Mel, tem as duas patas traseiras amputadas e usa cadeira de rodas. Mas quando está sem a cadeirinha, consegue andar com as patas dianteiras. (Fotos: Aida Franco)
Mel é pura alegria. Ela, que já foi estrela de matéria em televisão, transita entre a cadeirinha de rodas, o colo e seu berço que é simplesmente impecável de limpo. “Essa é a coisa mais arteira, feliz, mimadinha”, derrete-se Margareth. Quando filhote foi abandonada junto com a irmã em um terreno baldio. Foi adotada por uma família que dizia que iria cuidar, mas que na prática a deixava abandonada na rua. Prevendo algo trágico, Margareth comprou uma tela para a ex-tutora colocar no buraco do muro, pois o animal vivia na rua entre os carros e comendo lixo. “Mas não usaram a tela e ela foi atropelada por uma camioneta. Não queriam pagar o tratamento e queriam fazer eutanásia”, relembra Margareth.
A cachorrinha Mel estava com a pélvis, a pata e a coluna fraturada. Mas foi o atropelamento que lhe garantiu um lar cheio de amor para lhe dar. Mel precisa de estímulos para eliminar as fezes e a urina e, portanto, exige cuidados constantes, como um bebê! Mas isso não é empecilho para ela correr, brincar e dar até cavalinho de pau com a cadeirinha feita especialmente para ela! “Ela corre atrás do jornaleiro e das motos e pede para sair da cadeirinha. Ela é o máximo!”, orgulha-se Margareth.
MATRIX – CEGO E COM PROBLEMA NEURAL ANDA EM CÍRCULO

Matrix brevemente terá um canil adaptado às suas necessidades. (Fotos: Aida Franco)
A adoção mais recente é de Matrix, um vira-latas de porte médio. No final de 2016 foi resgatado pelo canil municipal nas proximidades da instituição Rainha da Paz e como é totalmente cego, não tinha condições de sobreviver no Canil Municipal. “Aí a veterinária me ofereceu como presente”. Sim, foi com essas palavras que Margareth o tratou: um presente! Mesmo ela considerando um dos casos mais tristes de deficiência com ao qual se deparou. “A vida dele é muito restrita. Ele sofre. Estou aprendendo a cuidar dele. Ele tem cegueira e problemas neurológicos profundos. Ele chora. Fica rodando. Toma Gardenal e Fluoxetina duas vezes ao. Amo ele demais! Pusemos um nome forte nele para ele ficar forte também!”. Para evitar que se machuque, seu canil está sendo adaptado com espumas na altura de sua cabeça.