“Sou ator de novelas em Portugal: Nasci sem braços e sem pernas”
A profissão de ator está envolta numa ideia de perfeição. Rosto lindo, olhos brilhantes, corpo perfeito e atlético. Mas, nem tudo é uma regra na existência humana. Lá de longe, no país de Portugal encontramos um ator muito especial: Paulo Azevedo.
Imagina você nascer sem os dois braços e sem as duas pernas e escolher ser ator. Isso somente acontece para os corajosos e intrépidos desse planeta. Ser visto na rua já á uma grande dificuldade para muitas pessoas com deficiência, imagine ser visto por milhares de pessoas através de uma televisão.
Mas, Paulo fez disso um grande sucesso em sua vida. Enfrentou os preconceitos, as dificuldades e as barreiras, encontrando novas formas de redesenhar sua história. Por isso seu livro leva o título “Uma Vida Normal”.
E olha que ele também já foi treinador de futebol. Mas como isso, sem pernas pra correr? Paulo nos mostra que tudo é possível se sua mente desejar.
Trecho do livro escrito por Paulo Azevedo
“Na manhã do dia 29 de Outubro de 1981, a minha mãe estava a caminho de uma consulta e de um raio X em Coimbra no país Portugal quando lhe rebentaram as águas. Ia com a família na carrinha do meu avô e foi um pandemônio.
Logo após que minha mãe acordou da anestesia, a minha madrinha aproximou-se dela e disse-lhe:
– Clara, o teu filho não é igual aos outros meninos, houve um problema. Se não estiveres preparada para o ver, eu não vou buscá-lo já.
– O que é que se passa com o bebé?
A minha madrinha não conseguiu encontrar palavras para responder àquela pergunta, sendo assim, foi ao berçário, pegou em mim e perguntou à minha mãe se queria mudar-me a fralda.
Eu vinha embrulhado numa manta e, quando me destapou, a minha mãe olhou para mim e – talvez ainda meio anestesiada – o primeiro comentário que fez foi: Ficou apática, sem conseguir reagir, mas foi a pessoa que melhor encarou a situação.
Em 2008, entrei na minha primeira novela: Podia Acabar o Mundo, na SIC. A propósito, conhecem o Raimundo Simões? Antes disso, fiz teatro, estudei jornalismo em Coimbra, fui treinador de futebol e fiz tudo aquilo que qualquer pessoa também fez.
Tal como o Raimundo, eu, Paulo Azevedo, aprendi a fazer das fraquezas forças e festejei todas as vitórias de uma forma muito especial.
Porque na vida só quando se passa por grandes dificuldades se sente o verdadeiro sabor de conseguir, de vencer. Nunca escolhi o caminho mais fácil. Seria simples conformar-me com as verdadeiras limitações e não lutar pelos meus sonhos. Assim não sofria.
Mais tarde pensei: vou lutar sempre, posso não vencer todas as batalhas, mas sei que dou sempre o meu melhor. E depois o sabor do simples subir de um degrau sem ajuda, do ser praticamente autônomo, vence qualquer adversidade na vida.
Cada vez vejo mais que a deficiência está nos olhos de quem a vê. Eu não a vejo, limito-me a tentar ser uma pessoa como todas as outras e a levar uma vida normal”.
Livro Uma Vida Normal
Entrevista para Amputados Vencedores
“Eu nasci com uma má formação congênita nos membros superiores e inferiores, por isso uso próteses nos membros inferiores, nos braços rejeitei a prótese. A minha infância foi perfeitamente normal, tive sempre muito apoio da família, dos amigos e sempre fui um garoto feliz, como nasci assim aprendi a fazer tudo normalmente, mas a minha maneira.
Já a minha adolescência foi bastante atribulada, embora tenha sido um rebelde, foi normal, tive os meus amores e as minhas desilusões. Sempre tive muita garra e força de vontade.
Eu sempre tive o sonho de ser ator, fiz teatro desde os seis anos e depois de uma reportagem sobre a minha vida na estação de televisão portuguesa SIC fui fazer um curso de representação e então entrei na novela “Podia acabar o mundo”.
Também escrevi meu livro Uma Vida Normal. Eu espero que o livro possa continuar a ser encarado como a mensagem positiva que idealizamo desde o primeiro momento, dessa forma é provável que possa atingir outras pessoas, causando então um bom impacto na vida de cada um.
Muitas vezes a sociedade pode ser muito cruel, mas no meu caso o sentimento passou de pena, de coitadinho, para admiração. A exposição na TV fez com que a sociedade portuguesa abrisse mais a mente, em relação às pessoas com deficiência.
Eu mostrei que os ditos diferentes são tão capazes como qualquer um outro. A princípio tive algumas dificuldades. Pensavam que eu estaria na TV por pena ou por algum favor, porém rapidamente mudaram de opinião, quando viram que eu tinha talento e mais tarde o povo português elegeu-me ator revelação, consequência do meu esforço.
Deixo uma mensagem final para as pessoas com deficiência: Se sonham, se desejam, se tem objetivos lutem, nunca abaixem os braços. Afinal, cada vez que falhamos tornamo-nos mais fortes.
Lembro-me de estar em cima das pernas e de sentir pânico, por estar muito mais alto. No início, tinha sempre medo de cair, agarrava-me a tudo ou então ficava sem me mexer, paralisado pelo medo. Caminhava sempre apoiado às paredes, mas aos poucos ia aumentando os percursos, assim como os bebés. Cada passo era uma vitória.
Gosto de mim como eu sou! Muito obrigado e felicidades ao povo brasileiro!”
Curiosidades sobre Paulo Azevedo
Em 2013 levou o prêmio de Splash!Celebridades 2, por saltar da segunda prancha mais alta em Portugal, com 7,5 metros de altura.
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